Até 60% da população pode ter estresse pós-traumático Exposição à violência urbana de pessoas que vivem em grandes cidades causa depressão, ansiedade e outras sequelas psiquiátricas

Isabella Sander

A estimativa é de que 60% a 80% das pessoas que vivem em grandes cidades brasileiras estejam expostas a sofrer, pelo menos uma vez, alguma violência urbana. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, o percentual chega a 90%. Segundo o professor Sidnei Schestatsky, médico do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e idealizador do Núcleo de Estudos e Tratamento do Trauma (NET-Trauma), cerca de 20% dessas vítimas desenvolvem Transtorno de Estresse Pós-Traumático (Tept).

FREDY VIEIRA/JC

Segundo Sidnei Schestatsky, 20% das vítimas desenvolvem Tept

“Estamos vivendo em um contexto em que há violência doméstica, homicídios, assaltos, abuso de crianças, negligência. Esse cenário gera consequências e sequelas psiquiátricas importantes”, pondera o professor. Uma delas é o Tept, quadro que começou a ser diagnosticado em 1980.
A doença é um transtorno incapacitante, que faz com que a pessoa evite tarefas diárias, como trabalhar, por temer que eventos traumáticos se repitam. Conforme Schestatsky, além do sofrimento causado pela ansiedade, depressão, pânico e outras situações desencadeadas pelo Tept, esses pacientes têm mais risco de desenvolver outras doenças psiquiátricas. “É frequente que eles se tornem dependentes de drogas, porque as usam para aliviar a própria ansiedade”, aponta, ressaltando que também há relatos de aumento de incidência de doenças pulmonares, hepáticas e cardíacas.
A detecção precoce do quadro é importante, a fim de evitar tais danos. “Todos nós estamos expostos a uma série de eventos do cotidiano que podem ser potencialmente dramáticos, como assaltos, sequestros relâmpagos, violência pessoal, estupros. Precisamos identificar rapidamente os 20% que desenvolvem o Tept e intervir, para que não evolua para situações mais graves.”
O NET-Trauma começou em 2002, atendendo a vítimas de violência sexual. “Depois, fomos ampliando e estamos disponíveis a receber os pacientes que sentirem os sintomas”, garante Schstasky. O atendimento é feito por médicos psiquiatras, mas, se necessário, pode haver serviço interdisciplinar.

Fonte; http://jcrs.uol.com.br/

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